Quando a impunidade disfarçada de tradição transforma uma praia magnífica num amontoado de tractores. Se está a pensar numa ida à praia da Torreira para um banho de Sol e um mergulho no mar acautele-se e escolha bem o seu lugar. Aconselho-o a confinar-se à área concessionada da praia e não próximo do mar. Ainda assim não está a salvo de ser expulso pelos pescadores que lá se dedicam à pesca da arte xávega ou a ter os seus tractores a morderem-lhe os pés e a poluirem-lhe os pulmões e os ouvidos. Da última vez que estive na praia contei 7 tractores a deambularem perigosamente por entre os banhistas. Dois deles chegaram a entrar despreocupadamente na zona concessionada obrigando diversos veraneantes a abandonarem precipitadamente os locais onde se encontravam. Na praia da Torreira a pesca da arte xávega é feita com total desrespeito pelos restantes utilizadores que, no entanto, passam a ser bem-vindos como clientes após a recolha do pescado. A norte da praia não falta espaço para que a arte xávega possa ser desenvolvida sem pôr em causa o ambiente e a segurança do areal mas não. Interessa é fazê-la junto dos banhistas para rentabilizar mais depressa o pescado. Perante este cenário terceiro mundista que se repete várias vezes a cada dia é possível que lhe ocorra perguntar-se como é possível que à praia da Torreira tenha sido atribuída a bandeira azul. Se tal lhe acontecer não se esqueça que está em Portugal, país onde a expressão "para inglês ver" é desde há muito uma tradição. Tal como a arte xávega.