O historiador pernambucano José Luiz Mota Menezes, em introdução ao livro A Igreja de São Pedro dos Clérigos do Recife (1990), de autoria de Fernando Guerra de Souza, ressalta a ausência dessa igreja, cuja construção foi iniciada em 1728, em livros, litografias e cartões-postais, constatando que, por muito tempo, passou “como que ignorada dos documentadores e memorialistas da cidade do Recife”. Teria sido encontrada, segundo Menezes, apenas uma referência no século XVIII à igreja, na obra Desagravo do Brasil e Glória de Pernambuco, de Loreto Couto. Ainda segundo ele, nem o desenhista Luís Schlappriz, nem seu sucessor na litografia de F. Carls, Luís Krauss, tiveram interesse em retratá-la. Ela tampouco esteve na mira dos fotógrafos, como o convento e igreja do Carmo, retratados pelo fotógrafo Carneiro Vilela [1].
A igreja e o pátio não constariam de nenhum cartão-postal até 1930. A exceção ficaria para a cartografia histórica e desenhos, como a perspectiva elaborada em 1759 pelo padre jesuíta José Caetano, cuja cópia foi incluída no livro Notícias Soteropolitanas e Brasílicas, concluído em 1803, de Luís dos Santos Vilhena. Para justificar tais ausências, Menezes levanta a hipótese da influência do mau estado de conservação da igreja em meados do século XIX, quando não havia interesse fotográfico e litográfico pela estética das ruínas ou pelos edifícios degradados.
No início do século XX, a igreja começa a ganhar espaço em registros textuais e iconográficos. As fontes desses registros são as mais diversas, como artigos em jornais, ofícios institucionais, planos urbanísticos e arquitetônicos. A partir dessas fontes, vai-se construindo um consenso, que alcança os dias de hoje, sobre a necessidade de preservação do lugar, assim como sobre sua potencialidade turística.
Os agentes envolvidos na construção desse consenso são muitos. Proponentes de reformas que alteram o desenho urbano do pátio, como Ulhôa Cintra e Delfim Amorim, provocam, em figuras como Ayrton Carvalho e Lúcio Costa, respostas preservacionistas às transformações projetadas. Outros agentes do patrimônio, como Augusto da Silva Telles, dão embasamento técnico à proposta de proteção institucional do conjunto do pátio de São Pedro. Personagens menos conhecidos, como Edgar Amorim, por sua vez, ocupando cargo de direção na Prefeitura da Cidade do Recife, propõe a ressignificação do pátio na perspectiva turística [2]. Não podemos deixar de sublinhar a valorização do lugar a partir dos autores de textos especializados, como Fernando Pio, com o livro Resumo Histórico da Igreja de São Pedro dos Clérigos, publicado em 1942; Pereira da Costa, com os Anais Pernambucanos, inédito até a década de 1950; Germain Bazin, com L’Architecture Religieuse Baroque au Brésil, (1956-8); José Antônio Gonçalves de Melo, com livro sobre o autor da planta da igreja, de 1957, e José Luiz Mota Menezes, com artigo intitulado Igreja de São Pedro dos Clérigos do Recife, escrito para a revista Universitas, em 1971, entre outros.
Nossa narrativa, contudo, privilegiará Gilberto Freyre (1900-1987), que manteve, nesse processo de valorização do pátio, uma história longeva, iniciada ainda nos anos 1920, e que nos parece ser aquele, hoje, que ainda pode lançar luz sobre o futuro do pátio de São Pedro, como será proposto ao final.
Na década de 1920, Freyre convidou o desenhista pernambucano Manoel Bandeira (1900-1964) para elaborar um desenho em bico de pena da igreja (Fig.1), a fim de ser publicado no livro comemorativo do 1º centenário do jornal Diário de Pernambuco, intitulado Livro do Nordeste (1925), com ensaios de diversos autores sobre a história e as tradições da região. Dentre os desenhos de Bandeira, incluindo personagens, aspectos da vida social e outras igrejas, o de São Pedro dos Clérigos encontra lugar de destaque no livro, sendo a segunda ilustração de página inteira; a primeira era a do Arco do Bom...
Read moreRecife histórico, visita obrigatória para turistas que estão pelo centro. Descendo na estação de Recife, uma caminhada até o Cais do Sertão me fez parar no Pátio de São Pedro. Fica bem próximo do Mercado de São José. É um retrato fiel do "atual" Centro Histórico de Recife. Fica próximo de vários museus e memoriais, também do Pátio do Terço. Mais adiante, atravessando a Ponte Giratória, chega o Recife Antigo. Muitos me alertaram para ficar atento (por conta de roubos), mas no dia da caminhada, no Pátio está bem tranquilo (também não facilitei com a exposição de celular, câmera, carteira, mochila etc.). Movimento de poucos turistas, alguns transeuntes. Há algumas lojas e no entorno do paço e algumas ruas e "becos" que guardam uma arquitetura histórica de Recife. A caminhada por ali já é um passeio muito interessante. No Pátio, fica a Concatedral de São Pedro dos Clérigos, iniciada a construção ainda na metade do século XVIII, com um interior incrível! Se for a Recife, caminhe passe numa caminhada por aqui e vá até o...
Read moreUm espaço único em Recife. Trata-se de uma área que tem como ponto central a Igreja de São Pedro dos Clérigos, que deu o nome ao local. É um circuito fechado que tem a igreja no centro e diversas casas coloniais ao seu redor formando um quadrado de grande beleza. Parece uma ilha em meio ao conturbado centro urbano recifense. O Patio é um local de realização de inúmeras manifestações culturais; ele foi tombado e faz parte do Patrimônio Cultural Nacional. Muitos dizem que ele é “um oásis no universo caótico de centrão de Recife”. A divulgação oficial do local trás uma bela definição do local: “Fechado, arquitetonicamente, mas culturalmente, aberto, o Pátio de São Pedro constitui uma síntese cultural e artística do Recife, com sua mistura de crenças, criações, festas, danças, alegrias, músicas. Arte, inteligência, boêmia e memória. Valores a serem preservados sob uma perspectiva de diálogo, interação com o contemporâneo”. O local abrange diversas estruturas voltadas...
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