O esplendor do gótico-flamejante.
Embora a sua construção só tenha sido concluída no início do século XV, a primeira pedra da Igreja da Graça terá sido colocada em 1380 por iniciativa de D. Afonso Telo de Menezes, primeiro Conde de Ourém, que resolveu fundar na cidade um convento segundo as regras da Ordem de Santo Agostinho. Este edifício trouxe para Santarém o esplendor do estilo gótico-flamejante, seguindo as inovações arquitetónicas e decorativas já usadas no Mosteiro da Batalha.
A fachada é um dos aspectos mais interessantes da igreja: marcada por um elegante pórtico de arquivoltas, sobreposto por um arco conopial, muito frequente na linguagem do gótico-flamejante, e envolvido por uma moldura finamente decorada que preenche todo o espaço do corpo central. Por cima, uma impressionante rosácea trabalhada com grande primor, que se diz ser feita de um único bloco de pedra, revela a maturidade estilística dos artistas.
Uma das características particulares deste templo é o seu desnível em relação ao exterior. Só após descer alguns degraus temos acesso ao interior amplo, de três naves, com o espaço marcado por grandes colunas. A cabeceira, um pouco mais baixa, é coberta por uma abóbada de cruzaria de ogivas e decorada por altas janelas que iluminam o altar. A iluminação é completada pela rosácea e pelas várias fenestras ao longo do corpo da igreja, revelando um entendimento perfeito da estrutura gótica.
No braço direito do cruzeiro (lado da Epístola), assente sobre oito leões, está o túmulo comum de D. Pedro de Menezes, neto do fundador, e de sua esposa D. Beatriz Coutinho, com esculturas jacentes de mãos dadas, à maneira dos túmulos reais que estão no Mosteiro da Batalha. Na decoração do túmulo, entre elementos vegetalistas e heráldicos, encontra-se repetidamente a figuração da sua divisa: um ramo de zambujeiro e a palavra «Aleo», aludindo ao orgulho do guerreiro que em 1415 participou na conquista de Ceuta e foi depois governador da cidade.
Frente ao altar, num absidíolo do lado sul, encontramos a sepultura em campa rasa do descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral, e de sua esposa D. Isabel de Castro, quarta neta do fundador...
Read moreSubscrevo, inteiramente, a opinião infra da Alexandra Fernandes. (Embora não seja um especialista,) a igreja parece-me um perfeito exemplo do Gótico Mendicante, salvo, talvez, no que respeita à entrada, sobretudo a rosácea. Com esta titubiante excepção, nada tem do Gótico Flamejante, pelo contrário. As suas linhas elegantes, singelas e praticamente desprovidas de decoração, apontam exclusivamente para o alto, sem atavios decorativos nem distracções estéticas, evocando a pretendida simplicidade e pobreza das ordens mendicantes, sobretudo OFM e OP, mas também a OSA, a quem foi destinado o templo eo convento. Como habitualmente nos templos da Idade Média, a luz joga um importante papel no «desenho» do ambiente. O templo, infelizmente desafecto ao culto (o que só transmite a sensação de que está «morto»), com a sua beleza, história e com atractivo de ter o túmulo de D. Pedro Álvares Cabral (descobridor do Brasil), é uma jóia escondida e quase desconhecida, que vale a pena conhecer. A visita é gratuita e a melhor altura é ao Domingo; O monumento está aberto e Santarém está quase deserta, sendo fácil de estacionar nessa altura. Infelizmente, também tenho que concordar com a opinião de que (pelo menos em 19/5/2109) as senhoras funcionárias foram o mais acabado mau exemplo do funcionalismo público. Que diferença em relação ao amável e disponível funcionário da Ig. da Misericórida, ali perto! Estas, pelo menos naquele dia, distraídas do privilégio que é trabalharem num espaço daquela beleza, e de proporcionarem alguma informação e acolhimento aos visitantes interessados, limitam-se a tagarelar entre si, indiferentes e com pouca simpatia, mesmo em relação a quem as abordou; pareceram-me alheadas, sem a mínima curiosidade pela história e «estórias» do local; conseguem estar num sítio extraordinariamente sugestivo sem revelarem curiosidade acerca dele; Enfim, no seu género, pareceram-me, também elas, um...
Read moreAtualmente, não se tem exatidão sobre a localização da ossada de Pedro Álvares. Isso se deve ao fato de haver vários mistérios envolvendo seu sepulcro. Após ter comandado a famosa esquadra em 1500, com a qual descobriu o Brasil, Pedro Álvares Cabral veio a falecer em 1520, em Satarém, Portugal. Sendo sepultado em um túmulo provisório, teve seu corpo exumado em 1526, quando também havia falecido sua esposa, Isabel de Castro e, enterrado novamente ao lado dela, só que desta vez na igreja Nossa Senhora da Graça. O túmulo permaneceu esquecido por muito tempo, até muitos turistas passaram a questionar o motivo pelo qual a lápide homenageava apenas a esposa de Pedro Álvares. Com isso um inquérito foi aberto para investigar o caso, em 1882, constatou-se que no jazigo havia restos de um carneiro e ossada de três humanos, sendo duas mulheres e um homem. O fato era misterioso, pois ali deveria conter apenas duas ossadas masculinas e uma feminina: Cabral e seu filho e a de Isabel, sua mulher. Não tendo muitos recursos na época, não tiveram como fazer a identificação dos corpos. Em 1903, a campanha nacionalista iniciada em 1871 por dom Pedro II, requeria o translado dos restos mortais de Cabral para o Rio de Janeiro. Porém neste momento, o sepulcro que deveria conter as ossadas de Pedro Álvares Cabral já possuía cinco ossadas masculinas, uma feminina e duas de crianças. Uma parte da ossada que veio para o Brasil estava toda misturada. Além disso, em 1961, a Igreja de São Tiago, de Belmonte, cidade onde Cabral nasceu, recebeu uma oferta de Santarém: para guardar o que seria sua verdadeira ossada. Por esse motivo é que não se tem a real localização da verdadeira ossada de Cabral. Alguns estudiosos supõem que a sepultura havia sido violada durante as...
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